Muitas
vezes escutamos em nossas rodas de conversa, nas filas de banco, na espera do
médico ou no supermercado um termo que já virou jargão “o brasileiro é assim
mesmo” ou “o Brasil é assim mesmo”. E eu pergunto o Brasil e o brasileiro são
assim?
Gostaria de tecer essa reflexão em cima do que escreve o
sociólogo Jessé Souza na obra a “A Tolice da Inteligência Brasileira”. No texto,
Jessé trata de muitos temas pertinentes à nossa conjuntura social e política,
principalmente nesses últimos tempos em que vivemos uma época “Temer rária”. O
autor apresenta argumentos muito bem embasados sobre como nós brasileiros nos
deixamos manipular por uma elite hegemônica e dominadora dos meios de
comunicação e produção que se utiliza de ferramentas como a mídia Globalizante
de pensamentos distorcidos , falsos e que espalha pela TV e por outros meios um
projeto de nação excludente de toda e qualquer forma que vá de encontro ao que
essa elite apresenta como verdadeiro.
Pois
bem, um dos modelos apresentados como um País ideal é Os Estados Unidos, como
se lá não houvesse corrupção e desigualdades. O interessante de tudo isso é que
na medida em que vamos naturalizando a concepção de que o Brasil é “assim mesmo”
deixamos de lutar por ideais que até o ano de 2015 estavam sendo construídos
por um governo que mesmo dentro das limitações e fragilidades conseguiu dar
passos, que em 500 anos de história nunca foram dados. Com o golpe de 2016
sofremos perdas significativas no campo social, político, econômico. O que tem
reforçado ainda mais através da mídia golpista uma imagem de que o Brasil e o
brasileiro “são assim mesmo”.
Sabe
como eles são? posso tentar responder, eles são golpeados todos os dias por
canais de televisão e por interesses escusos que são postos na opinião pública
de forma mascarada e enganosa, falo da TV devido a grande maioria de
brasileiros ter acesso ao jornal depois do jantar e que de forma direta
manipula a opinião.
Há
500 anos assistimos medidas que reforçam este paradigma, de que não temos
jeito. Em nossa história de nação sempre que passos progressistas são dados, golpes
são instalados, isso foi em 1964 e em 2016. Ainda aparece alguns “loucos”
querendo salvar a pátria com uma proposta de governo, que foge totalmente do
respeito à dignidade humana e a vida de forma geral, assim o pensamento
“sebastianista” se reproduz e se reconfigura na contemporaneidade fazendo com
que acreditemos que alguém poderá salvar a pátria, o Brasil e o brasileiro. Eu
sei quem pode salvar a pátria:
Cada
um de nós.
Como?
Fazendo
uma coisa simples e importante: ler mais, observar mais, estudar o que tem se
passado na história, assimilando ao que tem acontecido, evitando pensar que o
brasileiro, que somos nós mesmos, somos o problema do Brasil. Acredito que não
somos o problema, até porque milhões que construímos com nossos esforços e
riquezas foram roubados pela elite minoritária e manipuladora da massa.
Cabe
à nós analisarmos a conjuntura e não ter receio de se posicionar diante das
injustiças e acima de tudo, não acreditando em verdades absolutas que são
transmitidas todos os dias nos jornais que antecedem a novela, essa cultura de
vitimismo tem que ser substituída por um sentimento de indignação que
repercutirá nas urnas em outubro, ou talvez não. Prefiro acreditar que poderemos
fazer algo.
Gostaria de terminar esta crônica com um
trecho do prefácio do livro de Jessé Souza que citei no início.
“Todos
os privilégios e interesses que estão ganhando dependem do sucesso da distorção
e do falseamento do mundo social para continuarem a se reproduzir
indefinidamente. A reprodução de todos os privilégios injustos no tempo depende
do convencimento e não da violência(...). É por conta disso que os privilegiados
são os donos dos jornais, das editoras, das universidades, das TVs e do que
decide nos tribunais e nos partidos políticos. Apenas dominando todas essas
estruturas é que se pode monopolizar os recursos naturais que deveriam ser de
todos e explorar o trabalho da imensa maioria de não privilegiados sob a forma
de taxa de lucro, juro, renda da terra ou aluguel. (Souza, 2015, p. 09-10).
Somos
Manipulados!
Tirem
suas conclusões, reflitam, repensem e acima de tudo se coloquem no lugar do
outro, pois qualquer compreensão passa pela alteridade.
Dedico
esta crônica ao amigo Sociólogo Dr. Ricardo Santiago a quem devo muito dessas
reflexões acima.
Fagner
José de Andrade é bacharel em Ciências
Sociais Pela UFPE e Mestrando em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco.
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