sábado, 19 de maio de 2018

O BRASIL E O BRASILEIRO SÃO ASSIM MESMO?

                                                                                    Imagem/ Reprodução Livro

Muitas vezes escutamos em nossas rodas de conversa, nas filas de banco, na espera do médico ou no supermercado um termo que já virou jargão “o brasileiro é assim mesmo” ou “o Brasil é assim mesmo”. E eu pergunto o Brasil e o brasileiro são assim?

        Gostaria de tecer essa reflexão em cima do que escreve o sociólogo Jessé Souza na obra a “A Tolice da Inteligência Brasileira”. No texto, Jessé trata de muitos temas pertinentes à nossa conjuntura social e política, principalmente nesses últimos tempos em que vivemos uma época “Temer rária”. O autor apresenta argumentos muito bem embasados sobre como nós brasileiros nos deixamos manipular por uma elite hegemônica e dominadora dos meios de comunicação e produção que se utiliza de ferramentas como a mídia Globalizante de pensamentos distorcidos , falsos e que espalha pela TV e por outros meios um projeto de nação excludente de toda e qualquer forma que vá de encontro ao que essa elite apresenta como verdadeiro.

Pois bem, um dos modelos apresentados como um País ideal é Os Estados Unidos, como se lá não houvesse corrupção e desigualdades. O interessante de tudo isso é que na medida em que vamos naturalizando a concepção de que o Brasil é “assim mesmo” deixamos de lutar por ideais que até o ano de 2015 estavam sendo construídos por um governo que mesmo dentro das limitações e fragilidades conseguiu dar passos, que em 500 anos de história nunca foram dados. Com o golpe de 2016 sofremos perdas significativas no campo social, político, econômico. O que tem reforçado ainda mais através da mídia golpista uma imagem de que o Brasil e o brasileiro “são assim mesmo”.

Sabe como eles são? posso tentar responder, eles são golpeados todos os dias por canais de televisão e por interesses escusos que são postos na opinião pública de forma mascarada e enganosa, falo da TV devido a grande maioria de brasileiros ter acesso ao jornal depois do jantar e que de forma direta manipula a opinião.

Há 500 anos assistimos medidas que reforçam este paradigma, de que não temos jeito. Em nossa história de nação sempre que passos progressistas são dados, golpes são instalados, isso foi em 1964 e em 2016. Ainda aparece alguns “loucos” querendo salvar a pátria com uma proposta de governo, que foge totalmente do respeito à dignidade humana e a vida de forma geral, assim o pensamento “sebastianista” se reproduz e se reconfigura na contemporaneidade fazendo com que acreditemos que alguém poderá salvar a pátria, o Brasil e o brasileiro. Eu sei quem pode salvar a pátria:

Cada um de nós.  

Como?

Fazendo uma coisa simples e importante: ler mais, observar mais, estudar o que tem se passado na história, assimilando ao que tem acontecido, evitando pensar que o brasileiro, que somos nós mesmos, somos o problema do Brasil. Acredito que não somos o problema, até porque milhões que construímos com nossos esforços e riquezas foram roubados pela elite minoritária e manipuladora da massa.

Cabe à nós analisarmos a conjuntura e não ter receio de se posicionar diante das injustiças e acima de tudo, não acreditando em verdades absolutas que são transmitidas todos os dias nos jornais que antecedem a novela, essa cultura de vitimismo tem que ser substituída por um sentimento de indignação que repercutirá nas urnas em outubro, ou talvez não. Prefiro acreditar que poderemos fazer algo.

 Gostaria de terminar esta crônica com um trecho do prefácio do livro de Jessé Souza que citei no início.

“Todos os privilégios e interesses que estão ganhando dependem do sucesso da distorção e do falseamento do mundo social para continuarem a se reproduzir indefinidamente. A reprodução de todos os privilégios injustos no tempo depende do convencimento e não da violência(...). É por conta disso que os privilegiados são os donos dos jornais, das editoras, das universidades, das TVs e do que decide nos tribunais e nos partidos políticos. Apenas dominando todas essas estruturas é que se pode monopolizar os recursos naturais que deveriam ser de todos e explorar o trabalho da imensa maioria de não privilegiados sob a forma de taxa de lucro, juro, renda da terra ou aluguel. (Souza, 2015, p. 09-10).

Somos Manipulados!

Tirem suas conclusões, reflitam, repensem e acima de tudo se coloquem no lugar do outro, pois qualquer compreensão passa pela alteridade.

Dedico esta crônica ao amigo Sociólogo Dr. Ricardo Santiago a quem devo muito dessas reflexões acima.

Fagner José de Andrade  é bacharel em Ciências Sociais Pela UFPE  e Mestrando em Antropologia  pela Universidade Federal de Pernambuco.
           



Nenhum comentário:

Postar um comentário