terça-feira, 1 de maio de 2018

MAIS UM FERIADO ? ESTUDIOSO DA UFPE REALIZA CRÔNICA SOBRE O TEMA


                                                                            Imagem/Reprodução Internet





Geralmente o dia do trabalhador e trabalhadora é comemorado em todo o Brasil com festas das mais diversas: As Frentes Sindicais promovem atividades; Órgãos e Empresas realizam encontros; Associações e Clubes promovem suas discussões geralmente encerradas com algum Evento Social, até Gestões Municipais realizam  alguma Festa do Trabalhador.

Mas a pergunta que fica é a seguinte: O que realmente é o dia do trabalhador e para que ele serve?

Eu poderia muito bem falar de um feriado qualquer, muito bom para diversão ou outra coisa do tipo. Uma simples busca no google vai apontar vários indicativos, como por exemplo a campanha dos trabalhadores no século XIX pelas oito horas diárias de trabalho. Mas eu gostaria de frisar uma figura que no Nordeste tem papel central, tanto na religiosidade como na cultura do trabalhador do campo. Trata-se de São José Operário (Padroeiro dos trabalhadores), que tem seu dia em 01 de maio. São José tem o privilégio dado pela Igreja de ser celebrado em dois dias, 19 de março (São José Esposo de Maria) data que é celebrada pelos trabalhadores do campo como o início da temporada de plantação, e o primeiro de maio dia de São José Operário. Claramente isso remete a educação que São José deu ao menino Deus para o trabalho, já que ele era um carpinteiro de mão cheia. Se formos mais afundo na história, veremos que o termo trabalho vem do latim “tripalium” que era um instrumento de tortura utilizado para castigar os presos. Porém não nos vamos ater ao trabalho como uma tortura. Vamos sim falar desse labor, tão importante que até José foi trabalhador e figura primordial na sustentação da família de Nazaré e sofreu o suor diário. Assim também hoje quantos Josés e quantas Marias, lutam diariamente pelo sustento dos seus e sofrem com a falta do mesmo e dos direitos complementares tão necessários à sobrevivência digna. 

A sociedade atual, como diria o sociólogo Zygmunt Bauman, vive uma fase em que as relações sociais e familiares tem sido cada vez mais líquidas, onde a consistência nesse âmbito perdeu ênfase. E o que nos resta é uma boa “cerveja e uma farrinha” para o feriado. Que não é de todo ruim. Hoje é o dia de pensarmos um pouco mais como está nossa conjuntura política que oprime o ser humano, o trabalhador que luta diariamente pelo “pão nosso de cada dia”. Direitos são retirados, as pessoas tem que trabalhar mais para garantir o sustento, essas mesmas pessoas tem adoecido de várias formas e por diversas questões como por exemplo a pressão das contas, juros, carestias e ainda péssimos atendimentos dos serviços públicos. Os municípios tem experimentado a falta de segurança e de atendimentos básicos como nas unidades de saúde e prevenção, a educação pública de nossas escolas vive um desmonte e um descaso sem medida, professores desqualificados, recursos ultrapassados, além da terrível desumanização que é reflexo das políticas públicas não desenvolvidas.  São José viveu tempos extremos iguais a esses, onde o império romano oprimia o povo Judeu. Hoje o governo que está aí, tem oprimido nosso direito a viver, direito garantido em constituição e no cânon religioso que deu base a toda formação ocidental. 

Por fim não se trata de uma crítica pela crítica, mas sim refletir o que estamos vivendo e reproduzindo para nós e para o futuro, uma cerveja, uma farra? uma noitada? mais uma festa? mais um feriado? O trabalhador tem direito a tudo isso! Mas, não só isso! Marx já apontava para essas questões de opressão política e privada do capitalismo doentio, hoje isso é reforçado pelo “pão e circo” dado pelos poderes públicos que cegam a população como mocinhos da triste história que as gerações futuras irão ler, assistir e ouvir. Amanhã a rotina se retoma e a problemática dos poderes continuarão. E nós cristãos ou não, continuaremos reproduzindo tudo isso? 


         Dedico estas Palavras ao meu pai que foi em vida um grande José assim como São José construtor de família e de vida!




Fagner José de Andrade é :

·        Mestrando em Antropologia do Programa de Pós graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco. 

·        Bacharel em Ciências Sociais (UFPE).

·         Membro do Comitê Local de Acompanhamento e Avaliação (CLAA- UFPE).

·         Membro da Revista Idealogando de Ciências Sociais.

·   Desenvolve pesquisas em Antropologia Econômica, religião, políticas públicas, educação social. 

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